Parole à Simone Paulino (Brésil)

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Entretien avec Simone Paulino, éditrice et fondatrice des éditions Nós, pour les Assises internationales du Roman. En partenariat avec l’Institut français et l’Ambassade de France au Brésil.

Par Vincent Zonca, Attaché pour le livre et le débat d’idées – Ambassade de France au Brésil

1) Pouvez-vous présenter votre maison d’édition ? Quelle en est la ligne éditoriale, les auteurs-phares, les projets en cours, la place des auteurs français ?

Nós est une maison d’édition indépendante basée à São Paulo au Brésil. La maison a été lancée à Paris, lors du Salon du livre de 2015, année où le pays d’honneur était le Brésil. Le premier titre publié par la maison était une anthologie de nouvelles brésiliennes qui, curieusement, a d’abord été publiée en français. L’histoire de notre maison d’édition est donc affectueusement liée à la France. 

Nous avons commencé notre catalogue en nous concentrant sur la littérature brésilienne contemporaine, en révélant de prime abord des auteurs qui n’avaient pas encore publié de romans. Tout en consolidant notre catalogue, nous avons également commencé à publier de la littérature étrangère contemporaine, en mettant l’accent sur la littérature francophone. 

Parmi nos auteurs étrangers les plus en vue, figure Scholastique Mukasonga, qui a d’ailleurs été invitée à la FLIP (Fête littéraire internationale de Paraty) en 2017 et a conquis un large public au Brésil. Nous avons publié plusieurs de ses romans : La femme aux pieds nusNotre-Dame du Nil et Inyenzi ou les Cafards. Ces livres ont été vendus à plus de 20 000 exemplaires. 

Nous avons également publié Celui qui est digne d’être aimé d’Abdellah Taïa, un auteur qui a rapidement gagné le cœur du public brésilien et qui est déjà venu deux fois au Brésil pour des manifestations littéraires (2018 et 2019). 

Figurent également, dans notre catalogue, Um quarto na Holanda de Pierre Bergounioux et le Discurso da Servidão Voluntária d’Étienne de La Boétie. Plus récemment, nous avons acquis les droits de publication des romans Ça raconte Sarah de Pauline Delabroy-Allard et Frère d’âme de David Diop (lauréat du premier Choix Goncourt du Brésil, en mai 2019) : leurs publications sont prévues pour 2020.

2) Pouvez-vous décrire la situation actuelle de votre maison d’édition et l’impact de la crise sur votre activité ?

Le fait d’être un éditeur indépendant, avec une structure plus légère, est un atout concurrentiel pour faire face à cette crise de pandémie. Bien que nous ayons subi au cours des deux derniers mois une baisse importante des ventes, due à la fermeture des librairies, comme cela s’est produit partout dans le monde, nous avons réussi à passer les mois de mars et d’avril sans grandes difficultés. 

Les ventes dans les magasins physiques ont été partiellement compensées par les ventes en ligne, principalement en provenance d’Amazon, mais aussi par les ventes sur notre site web lancé en pleine pandémie. Plus que la crise sanitaire, le marché du livre au Brésil souffre de facteurs antérieurs, tels que la crise économique et politique qui sévit dans le pays depuis 2015 (année de fondation de la maison d’édition) et qui a notamment entraîné l’éclatement des deux plus grandes chaînes de librairies historiques du pays, obligeant le secteur à se restructurer mais sans le soutien des institutions gouvernementales qui, plus que jamais, méprisent et attaquent la culture et l’éducation dans notre pays.

3) Quels sont les auteurs français particulièrement lus dans votre pays en ce moment et ceux que vous affectionnez particulièrement ? Pourriez-vous présenter un auteur brésilien dont vous estimez qu’il serait particulièrement intéressant qu’il soit traduit en français ?

Les lecteurs brésiliens, surtout ceux qui aiment la littérature, apprécient beaucoup la littérature française en général.

Mais il y a un intérêt croissant pour la littérature contemporaine, notamment pour des noms comme Michel Houellebecq, Édouard Louis, Leïla Slimani, Alain Mabanckou, J. M. G. Le Clézio. Moi, en particulier, j’aime absolument la littérature française ! Dans mon Panthéon se trouvent naturellement Marcel Proust, Charles Baudelaire, Simone de Beauvoir, Jean-Paul Sartre et la sublime Simone Weil. Mais j’ai une passion absolue pour Marguerite Duras, j’aime Mathieu Lindon et, plus récemment, je suis subjuguée par Annie Ernaux. D’ailleurs, j’aimerais beaucoup publier ici d’autres livres d’elle. Le seul qui a été publié en portugais, à mon avis, a eu une répercussion bien inférieure à ce qu’il méritait. Quant aux auteurs brésiliens qui pourraient intéresser les Français, je pense que la littérature écrite par de jeunes femmes contemporaines pourrait avoir une bonne entrée sur le marché français, à tel point que nos deux livres les plus vendus ont récemment fait l’objet de sondages auprès des éditeurs français : O peso do pássaro morto d’Aline Bei et Se deus me chamar não vou de Mariana Carrara.

1) Pode apresentar a sua editora? Qual é a sua linha editorial, os seus principais autores, os seus projectos actuais, o lugar dos autores franceses?

A Editora Nós é uma editora independente, sediada em São Paulo, mas que teve a sua estreia no mundo editorial em Paris, durante o Salão do Livro de 2015, ano em que o Brasil era o país homenageado. O primeiro título publicado pela editora foi uma antologia de contos brasileiros que, curiosamente, foi publicada primeiro em francês, de modo que a história da nossa casa editorial está afetivamente muito ligada à França. Começamos nossa atuação com foco em literatura brasileira contemporãnea, sobretudo, no lançamento de autores inéditos. À medida que fomos consolidando nosso catálogo, passamos a publicar também literatura estrangeira contemporânea, com destaque para a literatura francófona. Entre nossos autores estrangeiros de maior destaque, está Scholastique Mukasonga, que foi uma grande atração na Flip – Festa Literária Internacional de Paraty e conquistou um grande público no Brasil. Dela, já publicamos A mulher de pés descalços, Nossa Senhora do Nilo e Baratas. Juntos, os três livros já venderam mais de 20 mil exemplares. Publicamos também o romance Aquele que é digno de ser amado, de Abdellah Taïa, outro autor que vem conquistando grande simpatia do público brasileiro e já esteve no Brasil por duas vezes, convidado para eventos literários. Também temos no nosso catálogo o livro Um quarto na Holanda, do francês Pierre Bergounioux e Discurso da Servidão Voluntária de Étienne De La Boétie. Mais recentemente, adquirimos os direitos para a publicação do romance Ça Raconte Sarah, de Pauline Delabroy-Allard e do romance Frêre D’âme, de David Diop, vencedor do Premio Goucourt du Brasil, ambos com publicação prevista para 2020.

2) Pode descrever a situação atual da sua editora e o impacto da crise no seu negócio?

O fato de ser uma editora independente e com uma estrutura enxuta tornou-se um diferencial competitivo em meio à crise. Embora também tenhamos sofrido nos dois últimos meses uma queda significativa no faturamento, devido ao fechamento das livrarias, como ocorreu em todo o mundo, conseguimos atravessar março e abril sem grandes solavancos. As vendas em lojas físicas foram parcialmente compensadas pela venda on-line, sobretudo da Amazon, mas também por vendas no nosso site, lançado em plena pandemia. Mais que a pandemia, o mercado do livro no Brasil sofre por fatores anteriores, como a crise econômica e política que se instaurou no país exatamente desde 2015 (ano de fundação da editora) que levou, entre outras coisas, à quebra das duas maiores mais tradicionais redes de livraria do país, obrigando o setor a se reestruturar, mas sem apoio das instituições governamentais, que mais do que nunca, desprezam e atacam a cultura e a educação em nosso país. 

3) Que autores franceses são particularmente lidos no seu país neste momento? Que autores franceses você gosta particularmente? Por favor você poderia apresentar um autor brasileiro que acha que seria particularmente interessante ter traduzido para francês?

O leitor brasileiro, em especial o leitor, digamos, literário, tem grande apreço pela literatura francesa de um modo geral. Mas nota-se um interesse crescente pela literatura francesa contemporânea, em especial, nomes como Michel Houellebecq, Edouard Louis, Leila Slimani, Alain Mabanckou, Le Clézio. Eu, particularmente, amo a literatura francesa em absoluto! No meu panteão, estão naturalmente Marcel Proust e Charle Baudelaire e Simone de Beauvoir e Jean Paul Sartre e a magnífica Simone Weil. Mas tenho paixão absoluta por Marguerite Duras, adoro Mathie Lindon e mais recentemente estou arrebatada por Annie Ernaux, de quem adoraria publicar outros livros além do único que foi publicado em português e que na minha opinião teve repercussão muito aquém do que merecia. Quanto a autores brasileiros que poderiam interessar aos franceses, creio que a literatura escrita por jovens mulheres contemporâneas pode ter uma boa entrada no mercado francês, tanto assim que nossos dois livros mais vendidos receberam recentemente sondagem de editoras francesas: O peso do pássaro morto, de Aline Bei e Se deus me chamar não vou, da Mariana Carrara.

Simone Paulino é jornalista, escritora, editora.  Mestre em Teoria Literária e Literatura Comparada pela Universidade de São Paulo (USP), escreveu vários livros, entre eles, Abraços negados em retratos (2019), Como Clarice Lispector pode mudar sua vida (2017) e o Sonho Secreto de Alice(2013). Participou das antologias de contos Grafias Urbanas, Histórias Femininas, Olhar Paris eEscrever Berlim. Em 2015, criou a Editora Nós, que conta com um catálogo de mais de 50 títulos de literatura nacional e estrangeira. Colabora desde 2015 na organização do Primavera Literária Brasileira, realizada na Sorbonne Université, em Paris, França.